terça-feira, 9 de agosto de 2016

#3 Historiografia Marxista - Empecilho Maleável




As partes mais etimológicas e contrariantes foram colocadas na mesa. A estrutura e a metodologia – estas que encalçam a área mais elementar e ao mesmo tempo concreta da historiografia marxista. Vamos resgatar as causas históricas, pelo menos mais lineares do problema que se tornou a historiografia e, como o método marxista não fez nada para resolvê-lo, mas, ao contrário, agravou ainda mais problemas e dificuldades para a história e historiografias seguintes.

É evidente que os problemas não circulam somente no Materialismo Histórico Dialético. Eles estão presentes no Positivismo, nas primeiras gerações dos Annales e História Nova deles mesmos (futuramente estarei catalogando estes outros problemas nessas historiografias respectivas). Mas, quando nós olhamos para a História da Filosofia, e nos deparamos com a “suposta separação” da ciência, enxergamos com a mais clara objetividade, os problemas que habita nela própria. Sem muita profundidade, partindo do pressuposto da separação intrínseca, a História – e historiografia – visou seguir o curso da ciência moderna, com afeição aos métodos e, consequentemente, junto com a prevenção de teorias.

Nesta delimitação e definição de seus objetivos como História – positivismo, marxismo e Annales – não conseguindo alçar ao seu próprio favor uma ontologia em forma de análise, enxergando a correspondência da filosofia como um mero critério supérfluo, gerou o problema fundamentalmente irresponsável: Relatividade. A “solução” – que não é solução pois agravou ainda mais a relatividade – que foi encontrada sobre este problema na filosofia – e só nela – foi Immanuel Kant. Não há espaço aqui para expor o método inteiro, mas em resumidas contas é o seguinte: Não é o Objeto que determina o Método. É o Método que determina o Objeto.

Destarte, os problemas científico-historiográficos permaneceram e até cresceram ainda mais e, olhando com atenção vemos a dita “Metodocracia” (CARVALHO, Olavo. A Filosofia e seu Inverso). Afinal, dito de outro modo, a área desta objetividade científica e historiográfica, não está separada por fronteiras reais, mas simplesmente ao conjunto de fatos/acontecimentos que se apresentem mais maleáveis à metodologia. Exemplos mais práticos que podemos colocar: “Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modifica-lo” (Karl Marx). Nesta frase nós podemos enxergar exatamente o problema citado mais acima: “É o Método que determina o Objeto”, ou “Metodocracia”.

Dessa forma, a historiografia marxista – assim como visto nos artigos anteriores – pode flutuar acima da realidade a ponto de adequar o objeto histórico à sua metodologia. Vemos estas características em: Karl Marx (O Capital), E. P. Thompson (The Making of the English Working Class), Eric Hobsbawm (Pre-Capitalist Economic Formations) e (Pre-Capitalist Economic Formations).

É evidente também que estes problemas não são somente uma propriedade da História marxista. Eles também circulam na Psicologia, Antropologia, Ciência Social e Política, e, curiosamente, a maioria dos autores que efetivam estes problemas é de origem marxista. São problemas que muitas vezes não são nem discutidos. E o motivo é extremamente simples.

Nesta analogia, as questões de fundamento ontológico e filosófico, não serão adentradas como algo que precisa ser fundamentado. A “ontologia do ser social” que foi tentada por GyörgyLukács em 1970 (Georg LuKacs, ZurOntologiedesgesellschaftlichenSeins. Hegelsfalscheund exte Ontologie. 1978-79), por exemplo, atestou, somente, a impotência da sociologia marxista. Visto que ele tentou resolver um problema que já havia gerado este método, que por sua vez evidenciou o problema que ela tem, criando mais dois:

1- Se a sociologia marxista (nisso, adentrando também o modo de análise MHD) é incapaz de definir uma ontologia explícita, qual a relação que ela pode estabelecer o entendimento da realidade humana que ela estuda, sem praticar uma solidariedade com sua própria essência que procura definir o objeto da sociedade?

2- E, se é possível, por que ainda não foi realizada?

O próprio historiador marxista E. P. Thompson evidenciou as análises complicadas e inadequadas dessas definições dos próprios termos, e concluiu que “é impossível distinguir proletariado de burguesia por critérios econômicos” (The MakingoftheEnglishWorking Class. Ed. 1963), em que ele dá uma nova definição de classe social: “A classe não é definida por sua estrutura, mas sua relação”. É evidente também que isso não passa de uma racionalização para defender a origem do marxismo, no intuito de retirar a contradição que Marx havia criado (Proletariado é o agente da revolução... exceto Karl Marx).

Portanto, é evidente que a ciência marxista da sociedade não tem em mãos seu próprio objetivo no sentido de descrever a ontologia explícita, ou até mesmo implícita. Estes problemas, por sua vez, nem foram evidenciados por muitos historiadores dessa área, passando por despercebido por praticamente todos, inclusive os New-Marxistas.

Gerado estas dificuldades, não é surpresa – pelo menos não mais – quando algum historiador marxista, simplesmente quebra a cabeça para tentar resolver algo relacionado às fontes e até mesmo à compreensão e interpretação, e acaba por deferir na mentira descabida apelando a uma espécie da culturalismo que sempre indica o mal da burguesia na história (mesmo não podendo diferenciar burguesia de critérios econômicos, para Thompson).

A conclusão que podemos tirar dessas informações é:

1- O Materialismo Histórico Dialético vive muito bem perante estas dificuldades, visto que a importância que o propende não é a análise real da sociedade, mas, na verdade, adequá-la ao sistema de análise.

2- Quando ocorre ao contrário, quando o objeto da sociedade está tão bem descrito por alguma fonte, o historiador marxista faz questão de fazer uma forcinha de interpretação para torna-la exatamente o inverso daquilo que se diz.

Nesses sentidos, as fronteiras das investigações científico-historiográficas passam a produzir uma esfumação de conteúdos que não almejam – ou não conseguem – analisar a sociedade como ela realmente se apresenta, cujo, no entanto, conseguem viver felizes com falsas interpretações e deturpações de fatos históricos. A historiografia tem problemas? Sem dúvida. Mas o Materialismo Histórico Dialético é o mais problemático e que nunca deu certo. Por consequência de sua influência ideológica, influenciou outras áreas no intuito de retirar os problema



Por: Lucas Emmanuel Plaça


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