sábado, 27 de agosto de 2016
Dormimos Império...
Dia 14 de Novembro de 1889, Rio de Janeiro, Brasil.
O imperador está velho. O grande Dom Pedro II, um homem de novidades, o grande vencedor da quase recente Guerra do Paraguai e um diplomata nato, vencedor na Questão Christie.
O homem que estava mudando o país, está doente e fraco. Após levar ao Congresso a proposta de criação de uma república (em que o presidente seria eleito pelo povo como em todas as outras) e tê-la rejeitada pelo presidente deste, que temia represálias de D. Isabel, o Imperador sabia que estava para cair. Os ares tinham mudado. Com a Questão Religiosa, em que os maçons (boa parte da aristocracia e dos chefes militares) foram dispensados de ordens militares religiosas e igrejas em todo o país, haviam sido presos vários clérigos. Com o apoio da população da Igreja o Império Brasileiro já não contava. Com a Guerra do Paraguai, o exército foi forçado a crescer em níveis de armamento e número de homens de forma jamais vista.
O país, antes com pouquíssimos e mal equipados homens no exército, teve de chamar os “Voluntários da Pátria”. A muito brilhante ideia do também brilhante Dom Pedro II, juntamente com empréstimos externos, levaram a Tríplice Aliança à vitória. Porém, entre os veteranos desta guerra, crescia a ideia republicana, aflorada pela influência desses ideais nas escolas onde passaram a se formar os jovens do Exército. Além disso, os empréstimos para a guerra haviam tornado a dívida externa do país cara demais para ser paga. Mais um dos “pilares de sustentação” do Império havia deixado de existir. Agora só restava um: A aristocracia ruralista e escravocrata. Numa política de “troca de favores”, Dom Pedro II conseguiu manter estável o cenário político do país, com aquele toque de jeitinho brasileiro: “Ah, me dá um apoio aqui que né, podemos liberar umas ferrovias” e coisas do tipo.
Porém, em 1888, quando teve de se tratar com médicos europeus de uma enfermidade, sua filha tirou seu próprio trono: Sancionou a Lei Áurea. Libertos os escravos, sem nenhum ressarcimento aos senhores de terra, estes começaram a engrossar as reuniões dos partidos republicanos de vanguarda. Sem seu último pilar, a monarquia estava em completo colapso. Foi aí que, na manhã do dia 15 de novembro, em meio a sonolentos bocejos e monarcas exilados, acordamos República.
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