sábado, 15 de outubro de 2016

Guerra da Criméia: A Última Cruzada




Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência nos Balcãs. Em 1853, o czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos para os cristãos em Jerusalém, então parte do Império Otomano. Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O Império Otomano, contando com o apoio do Reino Unido e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop.

O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os otomanos permitiriam a entrada de capitais ocidentais na Turquia.

O conflito iniciou-se em março de 1854. Em agosto, o Império Otomano, com o auxílio de seus aliados, já havia expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Criméia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz.

Durante o memorável cerco a Sebastopol, um dos eventos mais lembrados da guerra, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. Sebastopol, em ruínas, só cedeu em setembro 1855.

Na imagem abaixo: “Defenda Sebastopol”, óleo sobre tela de Vasily Igorevich Nesterenko, 1967.

←  Anterior Proxima  → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário