terça-feira, 27 de dezembro de 2016

História da Literatura Brasileira (Século XIX)




Alguns Precedentes

O século anterior (XVIII) está marcado por um crescimento literário em dois momentos marcantes, bem reconhecível na região de Minas Gerais, com a criação da Escola Mineira que procedeu com o ambicioso projeto, na maior parte frustrado em virtude da extinção da Academia dos Esquecidos – sua base. Uma das grandes importâncias dessas “Escolas” “Academias” se trata do vestígio conjuntural que a determina. A influência do Barroco no final do século XVII, e a massiva dos Iluministas posteriormente, definiram a criação das academias em seu sentido mais restrito, como também necessário.

Não há muito que contrariar, literariamente, nesse ponto. Afinal, esse momento é bem lembrado como o primeiro grande exemplo de coordenação planejada de um trabalho de equipe. Com este aspecto, da própria produção literária, prosseguimos num alto crescimento quantitativo e até qualitativo, como tal não havia sido registrado até o momento.

E é com este terreno de evoluções, tanto político quanto literário, que adentramos um século com produções de diferentes vertentes, em diferentes momentos que caracterizam, consequentemente, diversificadas expressões da realidade social. O Arcadismo fortalecido em 1768, que se estende até 1830, é substituído por uma das vertentes que naquele momento fez-se necessária – visto a Independência em 1822 – como rejuvenescimento do sentimento e de visões mais liberais: O Romantismo.

Século XIX – Romantismo (1830 – 1880) A Poesia

A primeira geração do Romantismo surge em um contexto um pouco abalado. Com o Período Regencial, isto é, a abdicação de Dom Pedro I, estendendo-se até a Declaração da Maioridade de Dom Pedro II, efetua-se uma espécie de inquietação geral por parte da própria população e de alguns regentes. Conjuntura marcante o suficiente a servir de suporte para que os românticos da época debruçassem em pequenas repulsas as idéias europeias. Nesse aspecto, os românticos brasileiros retiraram mínimas inspirações dos românticos estrangeiros e resgataram através das escolas e academias brasileiras predecessoras alguns estilos literários com o intuito de aprofundar, no fim das contas, uma nova identidade nacional.

Dessa forma, todo o sentimentalismo e um nacionalismo que não é bem o mesmo do século anterior, afloram-se nesse período – fôsse contra ou a favor da condição do império. No mais, os ideais da Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Constitucionalista do Porto penetraram os Românticos brasileiros, fazendo com que a partir de 1820, a aversão contra o regime Imperial tornasse regra.

Um dos primeiros personagens desse movimento foi Domingos José Gonçalves de Magalhães. Nasceu no Rio de Janeiro, onde fez os estudos secundários e formou-se em Medicina. Em 1836, publicou na revista Niterói, editada em Paris, um artigo cujo título era “Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil – Estudo Preliminar”. Tal artigo foi, mesmo não contendo a nomenclatura “romantismo”, um dos primeiros manifestos românticos já documentados em alguma mídia.

Magalhães, nesse artigo, traz um resumo da nossa literatura “que herdamos de Portugal”. Dizia:

                  “Com a poesia vieram todos os Deuses do paganismo, espalharam-se pelo Brasil, e dos céus, das florestas e dos rios se apoderaram. A poesia do Brasil não é uma indígena civilizada, é uma Grega, vestida à Francesa e à Portuguesa, e climatizada no Brasil [...] Encantados por este nume sedutor, por esta bela estrangeira, os poetas brasileiros se deixaram levar pelos seus cânticos e olvidaram as simples imagens que uma natureza virgem com tanta profusão lhes oferecia [...] Pode o Brasil inspirar a imaginação dos poetas? E os seus indígenas cultivaram a Poesia?”.

Crítica tão exorbitante aos poetas do passado que seu próprio subterfúgio – o de ausentar o romantismo estrangeiro – justifica-se em sua expressão, jogando de lado uma espécie de má qualidade histórica dos Gregos, Franceses e Portugueses que, por sua vez, foram demasiadamente absorvidos no Brasil.

Há características do liberalismo (não compreender como liberalismo econômico, mas a idéia geral que repercutia através da literatura) que estão contextualizadas desde dentro dos românticos brasileiros. O abandono dos artifícios arcádicos, da paisagem europeia em favor da natureza brasileira, da religião dentro do Estado e as regras clássicas sendo substituídas pela “livre iniciativa individual” são demasiadamente predominantes.

Magalhães fomentou através desse artigo e alguns escritos como “Suspiros Poéticos e Saudades” – editadas em Paris – grandes números de discípulos e seguidores que surgiram posteriormente. Em razão disso, a poesia romântica estendeu-se do ano de 1836 a 1880, com pequenas diferenciações da sintaxe, vocabulário e a métrica utilizada, e grande no sentimento e no tom.

Seu canto lutuoso, chamado “Os Mistérios”, o poema “A Confederação dos Tamoios”, o romance “Amância”, as tragédias “Antônio José” e “Oligiato”, e por fim dois livros de arcabouço filosófico “Fatos do Espírito Humano” e “Alma e Cérebro”, todos esses fazem parte do repertório produzido por Domingos José Gonçalves de Magalhães.

Apesar da quantidade e diversidade das temáticas, é possível dizer de que a profundidade de um lirismo aguçado, e a inovação tão esperada, não foi de forma alguma alcançada. Também, mesmo com o fato de o autor ter rejeitado o passado Europeu e estrangeiro, dando “adeus às ficções de Homero”, não se desapegou da antiga retórica e o estilo emocional clássico, assim como Manuel Bandeira assinala: “a maioria de seus versos rastejam quase sempre em lugares-comuns, aos quais a ênfase tenta embalde comunicar alguma emoção”.

Seguidamente, surge Manuel de Araújo Pôrto Alegre, primeiro e único Barão de Santo Ângelo. Modificou seu nome – mais como um pseudônimo – para “Pitangueira”, no propósito de “aderir completamente ao espírito nativista e romântico”. Desde cedo já era fascinado pela arte. Matriculou-se, inclusive, na Academia de Belas-Artes conquistando prêmios de arquitetura e pintura. Em 1840, por exemplo, foi nomeado pintor da Câmara Imperial sendo responsável pelos trabalhos de decoração no dia da coroação de D. Pedro II e em seu casamento com D. Teresa Cristina. Acompanhou seu instrutor, Debret, um dos membros da missão artística francesa contratada por D. João VI, para a França. Em Paris conseguiu publicar na revista Niterói o poema “Voz da Natureza”, escrito em 1835 e um estudo sobre música brasileira. Quando voltou ao Brasil, fundou com outros escritores e seguidores do Romantismo o “Conservatório Dramático” e em seguida a Academia de Ópera Lírica.

Em praticamente todos os momentos de sua vida dedicou-se a Arte em geral. Manuel de Araújo, ainda gerou uma série de poesias líricas como as Brasilianas, um poema do estilo “Épico”, o Colombo, dois Dramas – O Prestígio da Lei e Angélica e Firmino --, uma comédia arqueológica “A Estátua Amazônicas” e diversas outras obras artísticas.

No entanto, Manuel de Araújo não possuía uma poesia muito estável. Nem mesmo Magalhães. Os dois, a despeito de promoverem o início do romantismo, não tinham em si a verdadeira imaginação e sensibilidade poética. Há de pensar que, na estrutura do romantismo brasileiro, existe um desequilíbrio e uma falta originalidade plena tão elevada, tornando suas expressões líricas – isto é, a expressão através da composição poética – débeis e incapazes de proporcionar um relevo tênue. O que, em stricto sensu, não é mentira alguma. Pois, basta investigar seus textos iniciais para concluir que o Romantismo “começou errado”.

Porém, em leve contraste com o erro, surge o romântico Antônio Gonçalves Dias (1823 – 1864). Gonçalves Dias sofreu muitas dificuldades financeiras e emocionais em sua vida, o que não o impediu de ter estudos na Europa. Nos anos em que ficou em Portugal, conseguiu aprender muito. Também, tirando o curso da universidade, estudou a literatura Francesa, Inglesa, Alemã, Espanhola e da Italiana. Grandes repertórios de suas poesias estão inseridos nos Primeiros, Segundos e Últimos Cantos. Há um romance autobiográfico “Memórias de Agapito Goiaba”, os dramas Patkull e Beatriz Cenci.

A diferença que Gonçalves Dias possui dos outros dois escritores pode ser encontrado no seguinte escrito a respeito de sua poesia: “Gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as idéias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano – o aspecto enfim da natureza [...] Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir”.

Assim como o próprio enuncia a poesia como a fusão do “sentimento com o pensamento”, tornando-a indecifrável, nos Primeiros Cantos há elogios de Alexandre Herculano (historiador e poeta Português) “como inspirações de um grande poeta”. Publicou em 47 e 48 dois dramas, um no estilo de prosa e outro escrito em português arcaico – o último fazendo parte de “Sextilhas de Frei Antão”. O “Sextilhas” trata-se de uma resposta aos censores do Conservatório Dramático que condenaram seu outro drama, aquele da Beatriz Cenci que circulava assuntos italianos da época do Renascimento, como escrito em “português de contrabando”.

E foi no momento em que publicou os Últimos Cantos poéticos em 1851 que o Império brasileiro deu-lhe a tarefa de investigar a organização da instrução pública em diversas províncias do Norte e notificar alguns meios de melhorar seu funcionamento. Por controvérsias e novos encargos, partiu para a Europa, publicando em 1857 a segunda edição de suas poesias, e regressa ao Brasil já em 1859 para fazer parte da comissão científica que explorava as riquezas do solo brasileiro. Faleceu, tragicamente, em um naufrágio – já com o estado de saúde desfavorável por conta da nova comissão que lhe puxou muito esforço.

Conquanto, falecendo mais cedo que outro escritor da época produziu muito para o país e para a história da literatura. Mesmo não contendo realismo em suas conjeturas sobre os índios e a nacionalidade brasileira, literariamente foi, em suas poesias, o primeiro que soube manejar formidavelmente a estrutura do lirismo. Lembremo-nos de Manuel Bandeira:

                       “Sem dúvida é Gonçalves Dias cronologicamente o nosso primeiro grande poeta, pela imaginação e sensibilidade. Bem razão teve Ronald de Carvalho ao chamar-lhe na sua Pequena História da Literatura Brasileira a primeira voz definitiva da nossa poesia...” (Noções de História das Literaturas, página 299).

No mesmo tempo surge Manuel Antônio Alvares de Azevedo, nascido em São Paulo no ano de 1831 passando a infância no Rio de Janeiro. Formou-se no Colégio Pedro II e tentou matricular-se em Direito já novamente em São Paulo. Alvares de Azevedo contém uma diferenciação muito mais profunda de todos os escritores do Romantismo até agora assinalados. Na ótica de Gonçalves Dias, quase um antagônico.

Há lacunas, comparado aos outros, em alguns critérios de sua forma romântica. A mais recorrente e percebível discorre acerca do desaparecimento mútuo da confiança religiosa, do sentimento amoroso e espiritual e, por fim, mas não menos importante aquele estilo patriótico-indianista fortalecido até o momento. Substituindo as características que incorporaram a estrutura romântica, vem à tona aquilo que para Azevedo era “sinceramente pessoal”. O seu erotismo entravado pela timidez, os pressentimentos melancólicos derivados de uma saúde precária e uma forte obsessão pelo assunto da Morte.

Destarte, a obviedade de transição – talvez imprópria cronologicamente – de um estilo que, mal formado e quando estruturado descabido de uma constituição que transcenda naturalmente, é mais do que incontestável.

Sobre a Poesia nesse século ainda tivemos Laurindo José da Silva Rabelo apoiando-se nas sátiras, no meio literário e também poético com Casimiro José Marques de Abreu – conhecido mais por sua simplicidade e ingenuidade na escrita – e também Luiz José Junqueira Freire e Francisco Otaviano de Almeida Rosa. A maioria citada por aqui, preconiza as vertentes de, ora Gonçalves Dias com seu patriotismo e poesias bem alicerceadas, ora Azevedo com a repulsa ainda maior as “coisas do espírito” contendo uma nova estrutura constituída através da transição.

Mas o que encerra a nova vertente da Poesia é ninguém menos do que Castro Alves (1847 – 1871). Em 1854 já dava início aos estudos no Ginásio Baiano, impulsionando o fato de que com 16 anos fora mandado para Recife estudar Direito, e na capital pernambucana florescia sua poesia e oratória. Um dos acontecimentos mais remotos de sua vida foi quando, em meio ao curso em 1867, apaixonou-se por uma atriz portuguesa, a Eugênia Câmara, partindo ambos para a Bahia, cuja representação é o drama em prosa “Gonzaga ou a Revolução de Minas”.

Castro Alves obteve acidentes em sua vida que, impremeditada e paulatinamente o levaram a falecer de tuberculose; acidentes, estes, como um tiro casual no pé que, depois de algumas cirurgias e tentativas de reconstrução, teve de amputá-lo.

Uma de suas principais obras, o livro “Espumas Flutuantes”, publicada em 1870, são cantos por ele definidos como algo que arrebenta ao “estalar fatídico do látego da desgraça, refletindo por vezes o prisma fantástico da ventura ou do entusiasmo”. A outra, que por sua vez realizou-o sendo conhecido como “poeta dos escravos”, chama-se “A Cachoeira de Paulo Afonso” em remate, e outras que constituíram o poema “Os Escravos”.

                            “A Cachoeira de Paulo Afonso retrata um episódio da escravidão; a escrava Maria é violentada pelo filho do senhor das terras, o qual escapa à vingança do escravo Lucas, noivo da moça, graças à revelação, que lhe faz a mãe deste, de ser ele seu irmão[...]” (idem).

Castro Alves contém, ademais, pequenas diferenças no que se compreende como “poesia de inspiração épica”.

A Prosa

Na Prosa temos os principais Manuel Antônio de Almeida e José Martiniano de Alencar. Manuel Antônio era jornalista quando publicou em 1854 “As Memórias de um Sargento de Milícias” que, precedentemente, havia aparecido em um jornal. No entanto, Manuel Antônio está mais para um realista – antes de surgir o movimento realista no Brasil – do que para um romancista. E isso, assim como Manuel Bandeira pontua acertadamente, foi mais do que importante, pois, de certo, foi uma originalidade inicial ao realismo posterior tremenda. A obra foi muito bem escrita, contendo o mesmo estilo pitoresco já apreciado tempos atrás.

José de Alencar, por sua vez, teve reconhecimento acelerado comparado aos outros escritores. O primeiro fator que o sustenta foi seu próprio pai, padre, participante na revolução pernambucana de 1817 e membro da Constituinte do Império Brasileiro. Como romancista, conservou todos os gêneros até agora criados; o indianismo, romance mundano, romance histórico, romance regional e o romance social. Sua mais conhecida obra é “O Guarani” que ressaltava, literariamente, a luta entre a “raça indígena e a raça invasora”.

Machado de Assis, apesar de contemporâneo ainda da segunda geração do romantismo, não foi, in latu sensu, adepto de alguma linha literária. Pode-se dizer que, Machado de Assis – talvez o maior escritor que esse século já teve – conseguiu constituir uma linha própria, pessoal e ao mesmo tempo tão extensa em proporcionalidade de alcance que é absolutamente inconcebível resumir Machado de Assis a uma mera vertente. Foi uma figura singular e que serviu como quadro de influência para diversos outros escritores de diversas vertentes.

Nascido em 1839 no Rio de Janeiro, teve vida difícil financeira e emocionalmente desde cedo. Órfão desde pequeno teve de se esforçar nos estudos tornando-se um autodidata. Com todo o esforço que praticamente sozinho teve de exercer – em sua tenacidade e amplitude de visão – conseguiu subir de um simples aprendiz de tipógrafo, a jornalista e alto funcionário de secretaria. E, como se a vida não lhe pudesse mais danar, ainda continha maiores incidentes como os ataques alarmantes da terrível doença que lhe habitava; Assis tinha epilepsia.

Casou-se como a irmã de um poeta chamado Faustino Xavier de Novais, a Carolina cuja sua morte teve atenção suficientemente emocionante num dos mais puros sonetos de nossa língua. Durante uma parte de sua vida, Machado de Assis teve uma leve inspiração romântica, publicando as suas primeiras obras com tal respaldo. Mas, há fortes diferenciações.

Seus romances colocam o interesse da narrativa menos na ótica anterior; isto é, a visão dos costumes, o nativismo, etc. Isso era desimportante. Machado de Assis pontuava, quase que excessivamente, na análise de situações morais e em seus conflitos. Momentos escritos que expressam a maior indignidade humana, ou a maior dignidade.

É, sem a menor sombra de dúvida, o simbolismo da realidade da vida que o escritor se expressava. Desde situações de completo desespero e repugnância até as mais nobres, torna-se visível à influência religiosa cristã em suas exteriorizações a partir do lirismo construído em sua plenitude. Seu último livro, o romance “Memorial de Aires”, quebra a unidade da fase que poderia ser demasiadamente diversa, como Braz Cubas e Dom Casmurro. É nessa obra que, enternecido pela perda da esposa, evidencia-se, através do narrador “Aires”, sendo um cético – mas sem a secura e o cinismo dos dois predecessores.

Por fim, Machado de Assis usufruía de uma repulsa inimaginável – mas com razão – para com a República. Entendia, que o Império com todos os problemas que já poderiam ter sido obtidos com a regência e Dom Pedro I, ainda assim era melhor prevenir revoluções e mudanças radicais que destruiriam a identidade que o povo tinha com o imperador e seus símbolos. Coloca-se, portanto, contra as idéias tão oferecidas por seus anteriores.

Movimento Realista – Escola Parnasiana

A chamada “Escola Coimbrã”, remonta a escola parnasiana e o movimento realista contra o movimento do romantismo, ao final do século XIX. O espírito francês entrava ainda mais em cena, com seus parnasianos, como por exemplo, Alberto de Oliveira e a reação que já se buscava na década de 70 na organização doutrinária na poesia científica e/ou filosófica de Sílvio Romero, Martins Júnior, Aníbal Falcão, entre outros.

O nome de “Parnasiano” exerceu contratempos desde seu início. Nenhuns dos poetas assim chamados tiveram a possibilidade de evidenciar, em sua plenitude literária, o que de fato era o conceito de parnasianismo. Mas, em todo o caso, as características mais marcantes foram à sobriedade nas imagens, concebidas mais como relações de semelhança; requinte na versificação – livre ou não – banindo o hiato e empregando com frequência o “enjambement” (enjambement – verso que continua no seguinte, na sintática, semântica contendo um ritmo ainda mais restrito).

Evidente, também, que foi expungida muita formalidade de fonética e de sintaxe em outras áreas, a mesma que veio procedendo por séculos de estudos daqueles que foram a Portugal. Antonio Mariano Alberto de Oliveira (1857 – 1937), Raimundo da Mota Azevedo Correia (1859 – 1911), Olavo Braz Matins dos Guimarães Bilac (1865 – 1918) e Vicente de Carvalho (1866 – 1924) foram os principais dianteiros da geração parnasiana. A prosa também não escapou dessa geração, sendo influenciada pelo discípulo do português Eça de Queiroz, Zola. As primeiras iniciativas, na prosa, foram de Aluísio de Azevedo, influenciando muitos a sua frente como Júlio César Ribeiro e Coelho Neto.

No geral, os autores do Realismo proporcionam, em suas obras, alguns apetrechos de análise que antes não havia, ou não poderia ser levantado. Como, por exemplo, através de uma perspectiva mais pessimista e “horrosiva” sobre os indígenas que eram tão aclamados pelos românticos, ou então os aspectos da política e da vida, etc.

Breve Reflexão Externa

Dos que chegaram até aqui, quantos pararam para pensar e perceberam a imensa produção desse século? Não houve espaço para colocar tudo, devido à complexidade e imensa documentação. A grandeza de Machado de Assis, por exemplo, não pôde ser exemplificada em poucas linhas. Mas, de todo o modo, a Arte, incluindo Teatro, Literatura e o fortalecimento cultural a partir disso foram, em todos os sentidos possíveis, grandiosa.

Alguns escritores enunciam que este foi o apogeu da história da literatura brasileira. Outros dizem o contrário, e outros mais medíocres insistem em exclamar que atualmente (século XXI), a nossa literatura chegou ao seu ápice. No entanto, peço para que você, caro leitor, apenas memorize o fato de que o século XIX foi promissor de escolas literárias bem antagônicas, estilos, escritores e grandes poetas – até de melhor forma do século anterior – abrindo espaço para todas as vertentes possíveis.

Peço isso, pois, em meados do século XX haverá uma decadência moral e literária tão grande que será preciso apegar-se aos bons momentos de nossa literatura, para não sucedermos na profunda tristeza e conseguirmos focar naquilo que interessa ao espírito brasileiro.


Por: Lucas Emmanuel Plaça

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